Angela Leite exibe baleias e golfinhos na Gravura Brasileira
quinta-feira 09 de Agosto de 2012, por Antonio Biondi e Pedro Biondi
palavras-chave: ameaçadas; angela leite; baleias; cetáceos; exposição; extinção; meio ambiente; xilogravura
Exposição individual Navegantes por Natureza leva xilogravuras recentes à galeria paulistana. Inauguração é na terça-feira, 14 de agosto.
A partir do dia 14 de agosto, terça-feira da próxima semana, as xilogravuras de Angela Leite estarão expostas em mostra individual na galeria Gravura Brasileira, em São Paulo.
A exposição traz novo registro da excelência artística da artista plástica, caracterizada pela combinação entre um rigor quase científico e um olhar militante e apaixonado no retrato da fauna e da flora brasileiras.
Desta vez, Angela optou por enfatizar os quadros de baleias, golfinhos, tucuxis, toninhas, uiaras e outros cetáceos que habitam as águas (mares e rios) do país, bem como de outras nações e continentes. Ela explica que todas as espécies retratadas na exposição se situam em algum grau de ameaça, sendo que algumas se encontram criticamente ameaçadas, pois foram caçadas quase até a extinção.
A artista acrescenta que, nas décadas de 1980 e 90, o Brasil teve papel crucial no combate à caça das baleias e que, atualmente, “na surdina, caçadores de baleia tramam o retorno colossal da caça, insistindo em argumentos como o da crise financeira e o do crescimento populacional de alguns grupos localizados”. Decorre dessa conjuntura – e da busca por sensibilizar seus conterrâneos – a escolha temática da nova mostra.
O visitante será convidado a navegar por 18 xilogravuras, relacionadas sobretudo a trabalhos recentes, mas também representativas de suas quatro décadas de carreira. O conjunto inclui dois trabalhos inéditos. No mesmo dia 14, a Gravura Brasileira inaugura a exposição Bem-Casados, em que o curador Hugo Fortes agrupará em pares artistas dos Estados Unidos, do Chile e do Brasil a partir das relações de suas poéticas. Ambas as mostras permanecerão abertas à visitação até 15 de setembro.
Trajetória
Nascida em 1950 no Rio de Janeiro, Angela se dedica desde 1968 à arte em estreita ligação com o meio ambiente. Participou de cerca de 200 salões e exposições nacionais e internacionais e recebeu prêmios no país e no exterior. A militância também se dá por meio de palestras, oficinas, artigos e entrevistas em defesa da fauna e da flora.
“Maravilhosamente adaptadas à vida aquática, como um produto extraordinário da evolução orgânica, todas grandes e algumas imensas, as baleias por séculos foram vítimas da ganância humana e várias delas levadas ao limiar da extinção total”, registra Ibsen de Gusmão Câmara, um dos maiores especialistas em cetáceos do Brasil, pioneiro na defesa da vida marinha no país. “A artista plástica Angela Leite há décadas estuda-as com minúcia e dedica-se a divulgá-las e protegê-las através de sua arte insuperável.”
O jornalista ambiental Washington Novaes destaca que “Angela Leite é apaixonada pela natureza – tudo que está vivo na água, no ar, na terra. Por isso, com seu olhar agudo e seu entalhe privilegiado, vai perpetuando na madeira e no papel todas essas formas vivas, em todos os ambientes – tal como faz agora com as baleias”. Para Novaes, “É um privilégio sermos seus contemporâneos e termos diante de nós sua obra”.
Ao longo da carreira, Angela Leite trabalhou sobretudo com a gravura em madeira. Realizou também diversos desenhos com lápis de cor e com nanquim. A artista recorre a pesquisadores e à literatura especializada, além de se dedicar à exaustiva observação dos animais em seu hábitat ou em cativeiro. Os cetáceos marcam sua obra especialmente a partir da década de 1980, quando a defesa da vida dos grandes mamíferos marinhos torna-se um dos pilares do seu trabalho.
Navegantes por Natureza
Abertura: 14/08 às 19h (terça-feira)
Exposição: De 15/08 a 15/09, das 10h às 18h (de 2ª a 6ª) e das 11h às 13h (aos sábados)
Galeria Gravura Brasileira (www.gravurabrasileira.com)
Rua Dr. Franco da Rocha, 61, Perdizes, São Paulo/SP
Informações: (11) 3624.0301 / 3624.9193
Fauna e flora em exposição permanente
quinta-feira 18 de Setembro de 2008, por Pedro Biondi
palavras-chave: Angela Leite; arte; baleias; ecologia; fauna e flora brasileiras; meio ambiente; preservação; site; xilogravura
Xilogravuras e desenhos presentes no site de Angela Leite traduzem quatro décadas de arte em defesa do meio ambiente
A artista plástica Angela Leite passa a ter sua obra disponível na internet. Na página www.angelaleite.com.br estão reunidas quase 200 gravuras e desenhos, frutos de quatro décadas voltadas à arte e à defesa do meio ambiente.
<!--[if !supportEmptyParas]-->No site, onças, borboletas e papagaios de todos os naipes circulam entre jequitibás, cedros e variadas palmeiras, enquanto baleias, golfinhos e tartarugas-marinhas experimentam o oceano. <!--[endif]-->
Ali também estão depoimentos e textos críticos sobre a obra e o engajamento da artista. Entre eles, de Ibsen de Gusmão Câmara, Álvaro Machado, Carlos Von Schmidt, Antonio Carlos Abdalla e Aloysio Biondi (confira alguns ao final destas páginas).
Em seus 40 anos de carreira, Angela Leite trabalhou sobretudo com a xilogravura, a gravura em madeira. Realizou também diversos desenhos com lápis de cor e com nanquim. Para ampliar o diálogo entre arte e rigor científico que marca sua obra, ela recorre a pesquisadores e à literatura especializada, além de dedicar-se à exaustiva observação dos animais em seu hábitat ou em cativeiro. As árvores passaram a fazer parte de sua obra em 1996.
“Liberado das imposições da função descritiva e documentária, o desenho de bichos pode adquirir uma nova dimensão, humana e participante”, anotou o zoólogo Paulo Vanzolini, sobre a obra da artista. “A forma despojada e íntegra, o detalhe extremamente bem dosado, a compreensão da identidade do animal, contribuem para que seja transmitido um sentido da unidade fundamental de tudo o que vive, não apenas conceitual e filosófico, mas também com limpa emoção.” O crítico Olívio Tavares de Araújo destaca “um desenho seguro” e “um corte impecável”, e conclui: “Angela consegue jogar majestosa e claramente seus bichos no espaço”.
O modo de trabalhar e a militância
“Meu ofício vira arte quando traduz claramente expressões de espécies distintas”, analisa Angela Leite. No seu dizer, a imagem ideal é o flagrante de um momento da vida de um indivíduo de uma determinada espécie, que traduz o modo de ser daquele bicho. “Quando isso acontece, o espectador é conduzido para perto do ser retratado e tem despertada a sensibilidade necessária para viver alegrias remotas. Veredas distantes dialogam, a gravura teve sucesso e eu sinto que cumpri minha missão.”
<!--[if !supportEmptyParas]-->Nascida em 1950 no Rio de Janeiro, ela se dedica desde 1968 à arte em defesa do meio ambiente. A militância também se dá por meio de palestras, oficinas, artigos e entrevistas em defesa da fauna e da flora, em especial as brasileiras. <!--[endif]-->
<!--[if !supportEmptyParas]-->Angela colaborou com textos de temática ambiental em jornais e revistas como IstoÉ, Veja, O Estado de S.Paulo, Jornal da Tarde e Shopping News. Na televisão, gravou para Repórter ECO, da TV Cultura, e Animal Planet, do Discovery Channel. <!--[endif]-->
A artista desenvolve atividades de conscientização e sensibilização às questões da natureza com escolas públicas e particulares. Realizou diversas parcerias com instituições e empresas em iniciativas conservacionistas ou de enfoque ambiental – <!--[if !supportEmptyParas]-->a exemplo da Universidade de São Paulo, Embrapa, Senac, Sesc, Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, Santista Têxtil e Artex. <!--[endif]-->
Participa e promove doações a campanhas de entidades como a União em Defesa da Natureza e a Rede Pró-Unidades de Conservação. É membro-fundador da União em Defesa das Baleias, entidade que teve participação fundamental na proibição da caça aos cetáceos nos mares brasileiros, conquistada na década de 1980.
Trajetória artística
<!--[if !supportEmptyParas]-->Presente em mais de 200 mostras e detentora de prêmios em salões e exposições, a artista exibiu seus trabalhos em mostra individual na Embaixada Brasileira em Washington, Estados Unidos, em 1991, e mereceu uma sala especial no Dronninglund Kunstcenter, na Dinamarca, em 1990. Também recebeu nove premiações no circuito nacional e o R.H.J. Hintelmann Kunstpreis de 1997, no Museu da Coleção Zoológica de Munique, Alemanha. <!--[endif]-->
Em 1992, realizou exposição individual no Rio de Janeiro, dentro da programação de eventos paralelos à ECO-92. Ao longo de sua carreira, participou de dez mostras de abordagem ecológica. Suas criações estiveram presentes em 18 individuais, quatro delas fora do Brasil: San José (Costa Rica), Assunção (Paraguai) e as já citadas. Em mais de 60 mostras coletivas estaduais, nacionais e internacionais, estas em Taipé (Taiwan), Nova Iorque (EUA) e Ourense (Espanha), além de Munique. Angela expôs ainda em 30 coletivas em galerias e ateliês.
Mais sobre o site
Ao lado das gravuras e dos desenhos, a página reúne textos da autora – reflexões e crônicas sobre os bichos e árvores desenhados, bem como artigos opinativos. As reproduções são acompanhadas de nome científico e distribuição das espécies.
O internauta também pode conhecer e encomendar camisetas e cartões que trazem trabalhos de Angela – são, respectivamente, 52 e 63 diferentes imagens.
A página foi construída por Antonio Biondi (organização) e Renato de Almeida Prado (design e organização – www.rdeap.com.br) e pela empresa Factorweb (programação – www.factorweb.com.br), com a colaboração de pesquisadores, fotógrafos, artistas, amigos e parentes.
Contato para entrevistas e mais informações
Antonio Biondi
(5511) 3743-7567 / (5511) 7488-5449
angelaleite.gravura@uol.com.br
O olhar dos críticos <!--[endif]-->
Suas centenas de obras espalhadas pelo mundo – e possíveis pela reprodução de seus múltiplos – são um constante manifesto e um alerta a milhares de pessoas que contemplam seus trabalhos, e têm avivadas suas consciências pelo produto de uma paixão pela Arte que é, assim, meio e suporte para sua batalha contínua e pacífica em defesa das bandeiras ecológicas.
Antonio Carlos Abdalla, 2006
Seus temas refletem preocupações ecológicas e suas representações de alguns animais – em especial a baleia jubarte – tornaram-se uma espécie de marca registrada na gravura brasileira, um “clássico”, assim como a vaga no instante da arrebentação na gravura japonesa, guardadas as proporções.
Álvaro Machado, 2004
Esse universo plástico, essencialmente humano e selvagem, é desvendado nessa exposição (“Seleção Natural”) delicada, rigorosa e detalhista, num trabalho de mensagem ecológica correto e de memória gráfica de primeiro nível. Uma arte que vem da alma sincera e brasileira da artista – que deve merecer apoio total do público.
Luiz Ernesto Kawall, 2004
Liberado das imposições da função descritiva e documentária, o desenho de bichos pode adquirir uma nova dimensão, humana e participante. A forma despojada e íntegra, o detalhe extremamente bem dosado, a compreensão da identidade do animal, contribuem para que seja transmitido um sentido da unidade fundamental de tudo o que vive, não apenas conceitual e filosófico, mas também com limpa emoção. É no que reflete um zoólogo contemplando os bichos de Angela Leite.
Paulo Vanzolini, 1994
É para mim particularmente grato testemunhar o fato que de que a artista plástica Angela Leite tem dedicado seus dons artísticos à defesa da natureza brasileira, divulgando em excelentes trabalhos nossos animais sob ameaça de extinção.
Ibsen Gusmão Câmara, 1993
Em seus desenhos, como na xilogravura, Angela Leite exibe uma arte na qual a obsessão é mostrar os bichos que defende não através de um viés mórbido, como vítimas de extermínio. Angela Leite prefere exaltá-los, mostrá-los como exemplos de vida bem sucedida – e, por isso mesmo, a ser preservada.
Aloysio Biondi, 1992
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Seus animais de pelo e pena não têm (aleluia!) o rigor estático dos desenhos científicos, mas o movimento do amor e da liberdade. Ela não falseia nada. Fica fiel à realidade. Só que vai mais longe e flagra os animais no momento do amor e da alegria de viver. Não é arrivista e nem oportunista. Desenha seus (nossos) animais desde 1968, quando a palavra ECOLOGIA não existia nas bocas brasileiras.
Olney Krüse, 1988
Acredito que dos gravadores brasileiros que se dedicam à xilo, Angela Leite é a que está mais próxima da trilha percorrida por Goeldi. Suas gravuras possuem a mesma força que encontramos na do mestre. Angela Leite sabe como Goeldi, tirar da madeira, do papel, do branco e do preto, mundos de sensações inéditas.
Carlos Von Schmidt, 1984
Servida por um desenho seguro e por um corte impecável, Angela consegue jogar majestosa e claramente seus bichos no espaço. O clima do conjunto ressuscita algo da vocação e tradição narrativas da xilogravura, que desde a Idade Média serve por excelência à ilustração. E é sempre clara e direta em suas intenções.
Olívio Tavares de Araújo, 1984