Textos

40 anos em defesa da Natureza

Angela Leite – 40 anos de ações em defesa da Natureza


Desde 1966 Angela Leite tem se envolvido, de uma maneira visceral e contínua, na defesa da Natureza, quer por ações e manifestos – como militante em movimentos conservacionistas – quer pelo ensino em aulas e oficinas, mas, principalmente, por sua profícua atividade artística como desenhista e gravadora. Sua coerência se manifesta na constância do tema da conservação ambiental no Brasil desde o início de sua atividade profissional. Pesquisadora meticulosa, séria e ética, nunca poupou esforços para que seu trabalho artístico reproduzisse o mais fielmente possível – com detalhamentos científicos, além de criativos – os objetos de seu trabalho. Viajando pelo país, sempre fez questão absoluta de constatar in loco a flora e a fauna ameaçadas de extinção, fotografando os espécimes, recorrendo a notórios especialistas das áreas envolvidas para reproduzir os animais e plantas, seu habitat e todas as variantes que põem em risco sua sobrevivência e empregando sua técnica exímia nos desenhos e entalhes de suas matrizes para xilogravuras. É membro-fundador da União em Defesa das Baleias (DNA), escreve periodicamente artigos e participa da organização de exposições em defesa do meio ambiente, além de atuar em debates e palestras. Em 1986 representou a DNA no Senado Federal.

Em 1994 teve uma mostra individual no Museu de Zoologia da USP, em São Paulo, como parte das comemorações pelo 1º centenário da instituição. Na ocasião, Paulo Vanzolini ao apresentá-la, escreveu: “O verdadeiro tema desta exposição é que a empresa intelectual pode ter faces científicas e faces artísticas, mas é essencialmente una. Aqui vemos o animal enfrentado por uma artista plástica motivada pela estética e pelo amor à Natureza, que usa os elementos dados pelos bichos dentro das regras de sua disciplina, sem violar, porém, as regras da Zoologia. Seus bichos são mais que plausíveis, são verdadeiros, tocados de simpatia e compaixão. Nossa intenção é mostrar que as duas visões do mundo, colocadas lado a lado, mostram sua complementaridade e a importância de uma formação cultural ao mesmo tempo ampla e íntegra”.

Suas centenas de obras espalhadas pelo mundo – e possíveis pela reprodução de seus múltiplos – são um constante manifesto e um alerta a milhares de pessoas que contemplam seus trabalhos, e têm avivadas suas consciências pelo produto de uma paixão pela Arte que é, assim, meio e suporte para sua batalha contínua e pacífica em defesa das bandeiras ecológicas. A divulgação de seus ideais é, assim, duplamente valiosa: por meio do elemento estético chega-se à conscientização do indivíduo.

Em 1992, bem lembrou o crítico Olney Kruse ao afirmar que Angela Leite “não é arrivista e nem oportunista e desenha seus animais desde quando a palavra Ecologia não existia nas bocas brasileiras”.

Ela foi, portanto, uma espécie de profetisa bem vinda dos tempos atuais e todos os resultados até aqui obtidos são incomensuráveis, mas permanentes.

Antonio Carlos Abdalla – 2006

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