Gravadora e desenhista, ativa em movimentos de defesa dos animais, a obra de Angela Leite tem proposta ecológica. Os seus motivos são animais e também árvores ameaçados de extinção. Sua força criativa, em comunhão com a natureza, ultrapassa o aspecto documental. E é na gravura realizada em madeira, ao lutar contra e a favor da matéria, que mais se revela seu gesto de mestre, baseado em pesquisa extensa sobre o animal e seus movimentos. O mesmo vale para a vegetação. Ao trabalhar com árvores, as plantas que integram seu meio ambiente a cercam: “Tento mostrar as maravilhas da natureza, a interdependência entre animais e plantas, rede essencial à vida. Ignora-se o quanto o planeta está em desequilíbrio devido ao uso alucinado”, diz. Ela expôs recentemente na Galeria Augusta 664 (SP), ao lado de gravadores como Odetto Guersoni e Maria Bonomi.

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Angela Leite nasceu no Rio em 1950, filha de professora e publicitário. A irmã, Laurabeatriz, é pintora e ilustradora. Casou-se com o jornalista Aloysio Biondi. Tem três filhos. Sempre desenhou como autodidata, até trabalhar no ateliê da tia, a artista plástica Ely Bueno. A partir de 1968 se dedicou à militância artística. Fez várias exposições. O crítico Álvaro Machado considera sua representação da baleia jubarte um clássico da gravura. Mora em São Paulo.

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Sua Época

Em 1972, na 1a Conferência para o Meio Ambiente da ONU, falou-se pela primeira vez em desenvolvimento sustentável. Mas metade dos rios da Terra está poluída ou danificada; metade dos recursos marítimos, degradados; emissões de gás carbônico aumentam 9,1% ao ano; um terço das espécies de animais diminui. No Brasil, a política ambiental parece em marcha-à-ré: complacência com desmatamentos, transgênicos de impacto ignorado, rios secos por intervenção humana, o São Francisco ameaçado de transposição.

Judith Patarra – 2003