Galeria Arco
No pólo da badalação e do sucesso está Angela Leite – até agora um nome desconhecido no circuito mais coruscante de São Paulo. Seu currículo dá conta de numerosas participações em salões, inclusive o Nacional, bem como de um trabalho regular de quase vinte anos. No entanto, só agora, aos 34 anos, Angela estréia realmente com uma individual numa galeria de prestígio. E a falha, seguramente, não é sua. Talvez se deva também um pouco ao fato de que ela utiliza um suporte requintado – a gravura em madeira -, técnica em que é “neta”, por aprendizado, do mestre Livio Abramo. E a gravura certamente não vende tanto quanto a pintura, nem o faz orgulho das grandes coleções.
O lançamento de Angela é um achado – assim como a linguagem que ela desenvolve. A presente exposição consta de uma série de bichos intitulada Animais em Extinção. Parece haver aí uma ligeira preocupação em colorir intelectual/ideologicamente o tema. Mas não precisa. O importante é que, servida por um desenho seguro e por um corte impecável, Angela consegue jogar majestosa e claramente seus bichos no espaço. O clima do conjunto ressuscita algo da vocação e tradição narrativas da xilogravura, que desde a Idade Média serve por excelência à ilustração. E é sempre clara e direta em suas intenções.
Olívio Tavares de Araújo – 1984
A artista desenvolve atividades de sensibilização às questões da natureza com escolas e instituições. Participa de campanhas de entidades como a União em Defesa da Natureza e a Rede Pró-Unidades de Conservação e é membro-fundador da União em Defesa das Baleias. Ministra, também, cursos de xilogravura combinados ao conteúdo ambiental e de sustentabilidade.