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Bichos que não são gente

Angela Leite e os bichos que não são gente


Um ex-Ministro do Trabalho brasileiro disse certa vez, num comentário infeliz, que “cachorro também é gente”, justificando ter transportado sua poodle num carro oficial. Longe de repetir tal impropério, Angela Leite revela uma paixão pelos animais comparável à do então ministro. Seus bichos – felizmente – nada têm de humanos; mas, e esta é a graça, também mostram emoções, afetividade próprias. Não são apenas filhos da taxonomia.

Angela mergulhou bastante cedo no mar das artes. Aos 14 anos participou do XIII Salão Paulista de Arte Moderna, um ano após ter ingressado no Curso Livre de Artes Plásticas da FAAP, uma faculdade privada de São Paulo. Desde então, passou a dedicar-se à arte e, a partir de 1968, particularmente aos animais ameaçados. Sua sensibilidade se mostra, em cores, nos desenhos e escavada, ao inverso, nas xilogravuras. Seus trabalhos já foram expostos na Costa Rica, no Paraguai (a convite de Livio Abramo, um mestre da xilo), nos EUA, na Dinamarca e na Espanha (Bienal Internacional da Gravura). Também participou da Rio-92 com uma individual na Galeria Cândido Mendes.

Igualmente antiga é sua participação na luta a favor da natureza. A artista tomou parte de vários movimentos ecológicos e teve uma atuação marcante na campanha pela proibição da caça às baleias. Ela representou a UDB – União em Defesa das Baleias (organização da qual é uma das fundadoras) no debate sobre à questão promovido no Senado Brasileiro. Na mesma época, publicou artigos e organizou diversas palestras e exposições com o objetivo de divulgar a campanha.

Hoje, Angela Leite é presidente da União em Defesa da Natureza, que sucedeu à UDB. Mas sua militância mais significativa está, sem dúvida, na beleza dos animais que consegue extrair da paciência da madeira.

Pedro Biondi, filho – 0

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