Bicudo (Oryzoborus maximiliani)
Voando em grupos, este pequeno e notável cantor costumava avizinhar-se das casas dos homens. Este depressa resolveu aprisioná-lo ao pé de si. A tal ponto o costume se difundiu que, hoje, perto das casas, só há bicudos em gaiola.
Perseguidos pelos passarinheiros, desapareceram do litoral, mais povoado, e foram catar seus grãos, triturando-os sem esforço, com o bico forte e côncavo, próprio aos fringilídeos, interior adentro. Extensos canaviais inundaram o campo, roubando-lhes os grãos e trazendo-lhes nova leva de “apreciadores”.
Mais alta a cotação no mercado “canoro”, maior o recuo que ele é obrigado a fazer.
As mesmas levas invasoras dizimaram outros disputados cantores da família, restringindo-os a refúgios distantes, no Brasil central e na Amazônia. Se o canto os denuncia e os condena à prisão, Bicudos, Curiós e Azulões preferiram esconder-se para cantar em liberdade, atraindo e maravilhando apenas a companheira.
Angela Leite – 0
A artista desenvolve atividades de sensibilização às questões da natureza com escolas e instituições. Participa de campanhas de entidades como a União em Defesa da Natureza e a Rede Pró-Unidades de Conservação e é membro-fundador da União em Defesa das Baleias. Ministra, também, cursos de xilogravura combinados ao conteúdo ambiental e de sustentabilidade.