O binômio Arte-Natureza expressa os fundamentos que presidiram a criação e a definição das áreas de atuação da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano. A instituição, caracterizada indelevelmente pelo espírito de cidadania e educação, tem marcado a história da cidade e do país com a disponibilização de seu extraordinário acervo artístico, arquitetônico e paisagístico em favor da comunidade.
Diversas ações, como a série anual de concertos, a realização de cursos, palestras e exposições temporárias, a conservação do parque e da casa, o restauro do pátio interno de espelhos d’água, coordenam-se com o objetivo de proporcionar momentos de cultura e lazer tanto ao visitante local como ao turista estrangeiro.
A exposição Mata Atlântica Viva e a Ação Educativa em torno do tema inserem-se na disposição de maximizar o potencial do parque de autoria do arquiteto-paisagista Otavio Augusto Teixeira Mendes e enfatizar a importância do engajamento de todos na luta em defesa do meio ambiente.
A artista plástica Angela Leite, com sua “atuação combativa, que encontrou na arte sua expressão mais duradoura”, carrega a bandeira do “preservar para conhecer”, pois o inverso já não é suficiente, depois que baixas sucessivas aconteceram, antes que pudessem ser estudadas. Avalia com clareza a situação a enfrentar: “Armas, drogas e comércio de animais silvestres disputam a primazia no“ranking” das maiores transações internacionais. Falamos de lucro. Apenas o repúdio coletivo pode enfrentar esse exército formidável, ora clandestino, ora ostensivo. Especialistas e abnegados não mudam a marcha dos acontecimentos. Enquanto não se engajar em massa na defesa de seu próprio ambiente, a população vai permanecer espoliada, não só pela supressão das espécies contemporâneas mas ainda com perda da qualidade de vida, que por direito deveria exigir.”
A exposição de xilogravuras, conjugando arte e natureza, mostra exemplo de cidadania e abre para as inúmeras possibilidades de ação pacífica contra a devastação das espécies animais e vegetais.
Focalizando em especial os animais ameaçados de extinção, a artista retrata-os em situações típicas da espécie, dando prioridade ao papel que cada espécie singular desempenha.
O conhecimento propicia o compromisso, que deve ser permanente, no discernimento na utilização dos recursos naturais, na predileção por biodegradáveis, no combate ao desperdício, na rejeição a produtos tóxicos.
Brotos da Mata, com as espécies da Mata Atlântica presentes no parque da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, permite um olhar comparativo das diferentes fases de crescimento das árvores e foi incorporada ao acervo por doação da artista.
A Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, que ao longo de sua existência tem cumprido a sua parte com a preservação de seu parque, com esta exposição dá mais um testemunho de sua firme posição de respeito pela natureza e comprometimento com a educação.
Se conseguir deixar presente em cada visitante a importância da atuação consciente, indispensável para conduzir o país no caminho da “sintonia coletiva” pela preservação da rica diversidade de nosso patrimônio natural, a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano terá acrescentado mais uma relevante contribuição em prol do desenvolvimento do país.
Heloísa Arrobas Martins – 2005
A artista desenvolve atividades de sensibilização às questões da natureza com escolas e instituições. Participa de campanhas de entidades como a União em Defesa da Natureza e a Rede Pró-Unidades de Conservação e é membro-fundador da União em Defesa das Baleias. Ministra, também, cursos de xilogravura combinados ao conteúdo ambiental e de sustentabilidade.