Textos

Sapos

Sapos

Dentre as quatro mil espécies de anfíbios, sobreviventes à gradativa e insistente destruição ambiental, cerca de oitocentas delas, naturais de nosso país, destacam-no como o verdadeiro paraíso da classe. Além da primazia numérica, somos privilegiados pela exuberância das cores, incomuns no resto do mundo, pela diversificação de tamanhos e pela rica variedade de hábitos e de biomas que ocupam.

Longe de isso representar motivo de orgulho nacional, os anuros (sapos, rãs e pererecas) são objeto de inúmeras e arraigadas crendices populares, de engenhosos sadismos e de profunda repulsa pela grande maioria da população. Apesar do esforço de exploração por parte dos especialistas, nos últimos vinte anos, algumas espécies, de distribuição geográfica restrita, estão irremediavelmente perdidas.

O mesmo perigo ronda, indiferentemente, os mais de quinhentos batráquios já estudados e os restantes por pesquisar, diante da eficiente poluição de seus hábitats. É suficiente lembrar, a propósito, a dominante vida sedentária e a delicadeza de sua metamorfose, onde até uma pequena alteração na quantidade e na velocidade da água, da qual dependem sempre, pode ser-lhes fatal.

Estes úteis e injustiçados animaizinhos, estranhamente associados ao mal, ao horror e ao asco, são delicados elos em comunidades ecológicas, as quais comprometem com seu fácil desaparecimento.

Vítimas de tanta ignorância, nem ao menos a nomes específicos têm direito, sendo conhecidos genericamente como sapos ou cururus, rãs ou jias e pererecas ou caçotes. Se para combater o preconceito é preciso eliminar a ignorância, que tal começarmos a luta dando nome aos sapos?

(*Dados fornecidos por Werner Bockermann e atualizados por Carlos Jared)

Angela Leite – 0

Parcerias com a artista

Saiba como propor e estabelecer parcerias com a artista.