Angela Leite - 0
Papagaio-jurueba
Papagaio-jurueba (Amazona vinacea) *
Os tupis costumavam referir-se ao nosso território como “Pindorama” – terra das palmeiras. Os navegadores que aqui chegaram chamaram-na “terra dos papagaios”. Acabamos depois conhecidos como “terra do pau-brasil” e com isso quase acabaram com esta esplêndida criatura.
Ainda temos tempo de nos livrar da pecha de “país dos papagaios ameaçados”. Da soma de 83 espécies, sem rival no resto do globo, poucas ordens são tão rondadas pelo risco da extinção. Eram 11 reconhecidas pelo Ibama oficialmente em 1973, 14 em 1989 e 16 na terceira lista em 2003.
Mas identificamos 11 outros psitacídeos nas duas últimas décadas, o que nos leva a aguardar boas novas para estes patrícios longe do poleiro.
No grau de devastação que atingimos, as perdas individuais são relevantes. A perda da ninhada, da árvore que habitualmente abrigava o ninho, a interferência humana na estação reprodutiva devem ser contabilizadas. A árvore derrubada para a captura dos ninhegos pode ser uma palmeira morta onde os ocos são mais comuns ou mais facilmente escaváveis. Pode ser uma fruteira visitada há tempos ou uma palmeira no auge de seu viço fornecendo sustento farto para as aves locais. Porque as palmeiras – eis a questão – são procuradas pelos psitacídeos por motivos variados: alimentação, descanso diurno, refúgio noturno e nidificação.
Dentre os papagaios, Amazona vinacea, o peito-roxo, come flores e frutos da Jussara e cocos da Indaiá e usa Jerivá morto como ninho no litoral sul de São Paulo. Tanto ele como seu congênere A. rhodocorytha (Chauá), além da garotada dos mesmos rincões, apreciam os frutos amarelos deste Syagrus.
* Também conhecido como papagaio-de-peito-roxo