Angela Leite - 0
Pirarucu
Pirarucu (Arapaima gigas)
Já no inicio do século, R. Von Ihering, em seu “Dicionário dos animais do Brasil”, ressaltava o progressivo escasseamento do bacalhau brasileiro, o aspecto predatório de sua pesca, num montante de dois milhões de quilos anuais, desembarcados no porto de Belém, equivalentes a 100 mil pirarucus, já secos e salgados. Atualmente, só poderíamos fazer-lhe eco muitos agudos acima. Embora a previsão se esteja cumprindo – ainda hoje?! – boa parte dos animais apodrece por conservação deficiente. Nem mesmo os indivíduos jovens são poupados pelo arpão, e se os feridos escapam do arpoador, não escapam da morte. Atingida a maturidade sexual aos cinco anos, ele desce, pela primeira vez, até o leito do rio, acompanhado pela fêmea. Juntos escavam um ninho raso, de 60 cm de diâmetro, onde ela deposita 11 mil ovos milimétricos, cujo choco é, desde então, tarefa do casal. Os filhotes também são cuidados pelos pais, sucumbindo à sua ausência. Como as brânquias são insuficientes para suprir de oxigênio sua respiração na água, o peixe precisa aspirá-lo fora de lá, colocando de tempos a tempos a cabeça a descoberto. Sabedores disto, os pescadores se aproveitam da ocasião para arpoá-lo. Para o Arapaima gigas, seus 100 kg de peso e 2 metros de porte tornam-lhe pouco doces os rios.