Angela Leite - 0

Tamanduá-bandeira

Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)


Integra a única família da ordem dos desdentados que merece este nome. Mas desmerece o próprio nome da família dos mirmecofagídeos (comedores de formigas) ao preferir uma dieta de cupins. É exclusivo da América do Sul, como o tamanduaí e o de colete, seus congêneres arborícolas e menores. Andando com as patas dianteiras torcidas – para preservar as longas unhas –, mesmo o seu galope parece em câmara lenta. O filhote leva cerca de 190 dias para nascer e meses seguidos agarrado ao lombo da mãe. O crescimento é vagaroso, completando-se ao fim de dois anos. Um espesso tufo de pelos dobra-lhe o comprimento em 140 cm. Esta espalhafatosa cauda é erguida em sinal de prontidão, diante do perigo, ou lhe recobre o corpo todo, disfarçada em monte de palha, quando ele sob ela se esconde, aninhado para dormir. Dispõe de uma única arma – exclusivamente de defesa. Podendo escolher foge – ao invés de lutar – pois seu famoso abraço nada tem de invencível, como dizem. É um verdadeiro inseticida ambulante, que se regala com cupins, cujas fortalezas se mostram vulneráveis, diante das garras afiadas em forma de foice. Não despreza muitas espécies de formigas, capturadas com uma língua viscosa, de dois palmos, que introduz no formigueiro. Abandona a vida solitária apenas na época do cio e hoje só é encontradiço em parques nacionais e nos ermos distantes da civilização. Apesar de tão pacata e útil existência, atrai mais o prazer do caçador do que o reconhecimento do homem rural, que se alia às queimadas, aos desmatamentos e aos envenenamentos por inseticidas, para vitimá-lo de vez.